segunda-feira, 8 de junho de 2015

O calendário acadêmico e as eleições da UFAL foram suspensos até o fim da greve


Nesta segunda-feira (08/06), foi realizada a reunião mensal do Consuni (Conselho Universitário), onde foram colocadas em pauta as seguintes questões:
  • Suspensão das eleições para escolha do próximo reitor.
  • Suspensão do calendário acadêmico.
  • Pedido dos servidores da Ebserh de votarem na eleição para reitor.
  • Aprovação de uma moção de apoio à greve dos técnicos administrativos.
  • Pedido dos alunos do último período de direito de poderem finalizar o curso normalmente durante a greve.
A reunião do Consuni teve uma duração de aproximadamente 4 horas e 30 minutos, contando com a participação de pouco mais de 40 conselheiros e outras 100 pessoas, aproximadamente, entre professores, técnicos e alunos.

Inicialmente houve uma discussão que durou quase uma hora para definir quais os temas que seriam colocados em pauta. Dos cinco itens solicitados, apenas o pedido dos alunos do curso de direito ficou de fora das discussões, por entendimento do conselho de que isso deveria ser discutido  entre os alunos e o comando de greve dos professores. De nada adiantaria o conselho deliberar sobre isso se os professores grevistas não aceitassem atender os alunos.

Resolvida essa primeira parte, seguiu-se a discussão dos itens da pauta.


Suspensão das eleições para escolha do próximo reitor

Esse foi um ponto em que praticamente ninguém se manifestou contrário. A única discussão foi se a reunião oficial que ratifica o resultado das eleições seria mantida na data de 28 de agosto ou se seria remarcada apenas após o fim da greve.

Ficou decidido em votação que haveria o adiamento das eleições, assim como o adiamento da reunião que ratifica seu resultado, sendo ambos remarcados após o fim da greve.


Suspensão do calendário acadêmico

Os conselheiros contrários à suspensão do calendário alegaram:
  • Que a gestão não pode fazer greve e que adiar o calendário seria o mesmo que a gestão decretar a greve.
  • Que a legislação prevê a legalidade da greve de trabalhadores, mas não de patrões.
  • Que os alunos seriam muito prejudicados com uma suspensão do calendário.
  • Que os professores que não desejam aderir à greve teriam o direito de continuar dando aulas.
  • Que não é a gestão que tem de fazer com que as aulas parem e sim os professores convencendo-os da importância de fazê-lo.
  • Dentre vários outros.
Os favoráveis à suspensão do calendário alegaram que:
  • Os professores deflagraram greve e diante disso não faz sentido manter o calendário acadêmico intacto, dado que não haverá aulas de muitas disciplinas.
  • Alunos de algumas cidades do interior estariam sem transporte para ir à UFAL, pois os mesmos teriam sido suspensos por conta da greve.
  • O RU (Restaurante Universitário) estará fechado durante o período de greve e os alunos que continuam vindo à UFAL serão prejudicados se as aulas continuarem e eles não tiverem acesso ao RU.
  • Poucos professores continuam dando aulas e que é injusto com os alunos fazê-los vir a UFAL para assistir apenas uma ou outra aula.
  • A Universidade está muito esvaziada, o que a torna um ambiente vulnerável a roubos e outros atos de violência contra os alunos de blocos afastados e que estudam à noite.
  • A Universidade se encontra numa situação terrível financeiramente e que a suspensão do calendário acadêmico seria necessária enquanto a UFAL estiver com recursos chegando a conta gotas, inviabilizando a sua gestão.
  • dentre diversos outros argumentos.
Ao final de duas longas horas de discussão, foi posta em votação a suspensão do calendário acadêmico. O resultado foi de 30 votos a favor, 8 votos contrários e 3 abstenções.


Atividades que serão mantidas após a suspensão do calendário acadêmico

O comando de greve dos professores definiu uma lista de atividades que consideram essenciais e que serão mantidas durante a greve:
  • Atendimentos na área de saúde e assistência ofertados à comunidade externa que tenham sido agendados antes do dia 28 de maio e que requeiram atendimento imediato ou acompanhamento sistemático.
  • Atividades que envolvam experimentos ou procedimentos afins e que demandem monitoramento e acompanhamento constantes.
  • Bancas de defesa de trabalhos acadêmicos (na graduação e na pós- graduação) que estavam agendadas antes do dia 28 de maio.
  • Orientações e encaminhamentos relativos a projetos financiados e com prazos definidos em editais e/ou pelas agências de fomento.
  • Atividades de extensão agendadas antes do dia 28 de maio e que envolvam ações junto a setores e membros da comunidade externa.
  • Concursos e bancas de progressão agendados antes do dia 28 de maio.Estão suspensas durante a greve todas as demais atividades de ensino, pesquisa e extensão, na graduação e na pós-graduação, que não se enquadram nessas categorias.
Excepcionalidades devem ser encaminhadas pelas Unidades Acadêmicas para avaliação do Comando Local de Greve.


Pedido dos servidores da Ebserh de votarem na eleição para reitor.

No início da reunião, já foi decidido que essa questão deveria ser votada pela comissão eleitoral, que teria reunião no dia seguinte para avaliar a questão. Na reunião do Consuni seria feita apenas uma defesa do tema pelo advogado, que veio na reunião representando os servidores do Consuni.

O que era para ser uma simples defesa tornou-se algo muito maior.

Primeiramente, não foram dados três minutos para o advogado falar e sim 9 minutos, que é o tempo dado a três pessoas. Mas ele acabou falando algo em torno de 15 minutos, mesmo sob protesto dos demais.

Ele falou sentado na mesma mesa da vice-reitora, que presidia a reunião, como se fosse um consultor do Consuni e não alguém que veio defender uma idéia.

A vice-reitora, em vez de encerrar o assunto após a fala do advogado, decidiu abrir o tema para discussões e perguntas, mesmo que não fosse haver deliberação sobre o tema.

O que houve depois foi uma infinidade de inscrições para falar no tema, que só contribuíram para "fazer cera" e impedir que o último item da pauta, que era a moção de apoio à greve dos técnicos, fosse votado.

O único item que não seria colocado em deliberação  teve uma discussão muito longa e totalmente desnecessária, já que o Consuni não iria deliberar sobre o tema e sim a comissão eleitoral no dia seguinte.

Estava clara a intenção da reitoria de prolongar a discussão o máximo possível para que não houvesse tempo de votar a moção de apoio. Os alunos, professores e técnicos administrativos do conselho, apesar de terem percebido a armadilha, em vez de alertar a todos sobre ela e arrumarem um modo de escapar, acabaram caindo nela, prolongando excessivamente a discussão.

Chegaram as 19:10, após mais de 4 horas e meia de discussão, e a reunião foi finalizada, sem a votação da moção de apoio.


Conclusões

Apesar dos problemas no final da reunião, o balanço foi positivo. 

A suspensão do calendário acadêmico é um passo importante para alcançarmos o objetivo de paralisar as atividades da universidade durante a greve.

Por outro lado, é muito negativo para a imagem da nossa greve que pouco mais de 100 pessoas entre professores e técnicos apareçam para uma reunião tão importante como essa. Precisamos da colaboração de mais servidores nesses momentos. Com pouca gente, a pressão também é pouca. 

Desta vez, felizmente, conseguimos convencer o Consuni a suspender o calendário acadêmico. Em greves posteriores, não poderemos ficar dependendo de decisões do Consuni ou da gestão da UFAL para parar as atividades da universidade. O próprio movimento paredista é que precisará ser mais forte para garantir a paralisação das atividades. Na próxima greve, a conjuntura pode ser bem diferente...

Você que está lendo este texto, precisamos de sua ajuda. Compareça às atividades e assembleias da categoria. A construção dessa luta é coletiva, mas depende de ações individuais de cada servidor. 

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