terça-feira, 2 de junho de 2015

Como foi a reunião desta terça (02/06) da reitoria com o comando de greve dos técnicos administrativos



Nesta segunda-feira, o comando de greve dos técnicos administrativos foi convidado pelo reitor da UFAL para uma reunião em seu gabinete.

Do lado da gestão estiveram presentes na reunião o reitor Eurico Lobo, a vice-reitora Raquel Rocha, a Pró-reitora de Gestão de Pessoas Silvia Cardeal e o Pró-reitor estudantil Pedro Nelson. Do outro lado estavam 11 integrantes do comando do greve, incluindo a mim.

Abaixo estão alguns dos temas discutidos durante as três horas de reunião.


Situação financeira da Universidade:

Logo no início da reunião demonstramos a preocupação dos servidores em relação ao corte orçamentário que está afetando seriamente a universidade. Comentamos os casos de outras universidades, como a UFF (Universidade Federal Fluminense), em que já faltam até materiais básicos como papel higiênico [leia a matéria sobre isso] e que estamos com medo de que a UFAL chegue nesse mesmo ponto. Dissemos que a comunidade acadêmica tem de brigar contra isso e que não podemos ficar de braços cruzados apenas cortando os gastos e aguardando tudo desmoronar passivamente.

Segundo o reitor, a universidade está passando pela pior crise financeira que ele já viu nos seus 37 anos de universidade. Sofremos um enorme corte no final de 2014 e vários outros durante este ano de 2015.

Ele citou um exemplo de um momento em que registrou R$ 5 milhões de gastos da universidade e ao solicitar a verba ao MEC, para pagar essas contas, só recebeu R$ 1,7 milhões. "Nenhum reitor nesse país está conseguindo manter as contas da sua universidade em dia [...] aqui o único pagamento que estamos conseguindo manter em dia são as bolsas dos alunos", disse o reitor.

Ainda segundo o reitor, nesses 11 anos em que passou como vice-reitor e reitor, o DCF (Departamento de Contabilidade e Finanças) era o setor que conversava diretamente com o MEC e os recursos chegavam duas vezes por semana, sem problema. Agora é necessário que ele próprio converse com o MEC a todo momento para cobrar a liberação de recursos e mesmo assim os recursos estão chegando em quantidade insuficiente.


Sobre a liberação dos bolsistas da Proest de trabalhar durante a greve

Nesta segunda-feira (01/06), estava marcada uma reunião do CONSUNI (Conselho Universitário), na qual estava marcada uma manifestação dos movimentos grevistas de professores e técnicos administrativos. Faríamos pressão para que o CONSUNI votasse pela suspensão do calendário acadêmico, aprovasse uma moção de apoio à greve e liberasse os bolsistas de trabalhar durante a greve para impedir que eles substituíssem os servidores.

Para nossa surpresa, a reunião mensal do conselho foi suspensa e remarcada para o dia 08/06.

No mesmo dia, a Proest emitiu um documento em que liberava os bolsistas de trabalharem durante a greve, tendo suas bolsas garantidas durante esse período. Também informaram que o Restaurante Universitário funcionaria apenas para os moradores da Residência Universitária. 

A parte mais estranha do documento é a que diz "Casos excepcionais de necessidade de funcionamento deverão inicialmente ser encaminhados aos Comandos de Greve para análise e, em caso de concordância, comunicados à Pró-reitoria Estudantil para composição de lista a fim de garantir o atendimento junto ao RU do Campus A.C. Simões".

Todos ficaram surpresos com isso, pois o comando de greve ainda não havia negociado essa questão com a Proest.

Hoje na reunião, o Pró-Reitor Pedro Nelson disse que foi sua idéia a inclusão deste último detalhe no documento e que contou com o apoio do reitor. Segundo ele, fizeram isso para demonstrar que estavam dispostos a sentar, negociar com a categoria e atender algumas das nossas reivindicações, para que também nós os ajudemos em algumas questões importantes para a UFAL.


Concursos e eventos com data marcada

O reitor e os pró-reitores pediram que a greve não atrapalhasse a realização de dois concursos que já têm data marcada para este mês de junho e um desses já marcado para a próxima segunda-feira (dia 8). Pediram também que não atuássemos de forma a impedir a realização do CAIITE (Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia), com data marcada para o dia 15/06, além de dois outros concursos com data marcada já para o mês de julho.

Um dos concursos citados irá contratar os professores para o novo curso de medicina de Arapiraca. Segundo a gestão, caso o concurso não seja realizado corretamente na data correta, pode ser adiado em até seis meses, prejudicando bastante a comunidade alagoana.

Eles também deixaram a entender que há mais coisas que pretendem negociar posteriormente.

Informamos ao reitor que essas questões serão discutidas amanhã na assembléia geral da categoria e à tarde informaremos à reitoria o posicionamento da categoria.

Deixamos claro que uma abertura da nossa parte também depende de uma abertura por parte da reitoria em relação a outras questões importantes da pauta local, como a garantia das 30h para todos, por exemplo. Pedimos também que eles suspendam o trabalho de bolsistas vinculados a outras pro-reitorias como a Proginst, pois os que foram liberados até o momento são apenas os vinculados à Proest. Outros bolsistas continuam trabalhando durante a greve em setores como o NTI (Núcleo de Tecnologia da Informação), por exemplo.


Eleições

A gestão também afirmou que seria favorável à suspensão das eleições para reitor da universidade, por entender que não valia a pena fazê-las num momento de greve, em que muitos alunos, professores e servidores estarão ausentes.


Surpresa com a reunião

Todos ficaram bastante surpresos com a reunião, pois jamais em outra greve, em tão pouco tempo, a gestão chamou o comando de greve para conversar e se mostrou aberta a negociar.

Mas é importante também que tenhamos cautela e discutamos com calma os passos que devem ser seguidos pela categoria. É como diz aquele ditado "Quando a esmola é demais, o santo desconfia".


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