André de Albuquerque, estudante de direito da UFAL |
Apresento a vocês o relato do aluno do curso de direito da UFAL, André de Albuquerque, que presenciou, indignado, um repórter da TV Pajuçara comentando que a greve dos professores e técnicos da universidade prejudicaria os alunos.
Hoje pela manhã, enquanto eu passava pelo prédio da Reitoria, encontrei uma equipe de reportagem da TV Pajuçara produzindo uma matéria sobre a greve dos técnicos e professores da UFAL que se inicia nesta quinta-feira. Passei no exato momento em que o repórter dizia: “Já os estudantes se sentem prejudicados com a interrupção do calendário acadêmico...”.
De fato, eu, estudante, assim como tantos outros, me sinto prejudicado com a interrupção do calendário acadêmico. Mas, mais que isto, eu me sinto prejudicado com o corte de RS 9 bilhões que o governo Dilma estabeleceu para a educação. Me sinto prejudicado porque, mesmo sem greve, a universidade não tem orçamento pra funcionar até o fim deste ano letivo. Me sinto prejudicado porque existem várias obras paralisadas por falta de recursos. Me sinto prejudicado porque minha unidade acadêmica só tem um projetor. Me sinto prejudicado porque sofro com os recorrentes atrasos no pagamento da minha bolsa.
Há centenas de estudantes que se sentem prejudicados porque o reitor Eurico Lôbo suspendeu o edital de assistência estudantil neste período ou porque têm que pagar três reais por dia pra comer no RU. Me sinto prejudicado com a ameaça de ter professores terceirizados. Me sinto prejudicado porque quando eu concluir a minha graduação quero ter a possibilidade de prestar concurso público e ter garantidos os direitos trabalhistas historicamente conquistados.
Esta greve não é só pelos interesses corporativos (e legítimos) dos servidores das Universidades Federais brasileiras. É pela defesa do caráter público da universidade. É também pelo direito que nós, alunos, temos de estudar, pesquisar e praticar extensão de forma decente. Aos trabalhadores, meu apoio incondicional e minha adesão à sua greve e nossa luta! Nenhum centavo a menos para a educação pública!
É sempre assim. Quando se iniciam as greves das universidades, a imprensa faz o possível para destacar o máximo os prejuízos da greve e mal dá espaço para os servidores falarem sobre as razões da greve. Tentam sempre passar a imagem dos servidores preguiçosos e malvados que atrapalham a vida dos alunos com suas intermináveis greves.
Ingenuo, eu diria. Não posso apoiar um movimento orquestrado por 0,07% dos professores da universidade. Professores esses que usufruirão das férias antecipadas para terminar seus projetos/pesquisas e viajar, enquanto nós, estudantes, ficaremos como patetas esperando esse circo terminar.
ResponderExcluirOs 4 meses da ultima greve (greve essa sem conquistas significativas) não ensinaram nada aos ilustres docentes. E, mais uma vez, a história se repete. Professores fingirão que dão aula, nós fingiremos que aprendemos e todos saem felizes. Nojo!
Arthur, cadê os 99,03% dos professores que nao estavam na assembleia pra votar contra essa greve orquestrada?!
ResponderExcluirNós universitários começaremos a trabalhar em breve. Quero ver se abriremos mão dos nossos direitos e de melhores condições de trabalho pensando nos serviços que ficarão prejudicados.
Seu argumento é simplista demais pra justificar o egoísmo do seu discurso.
Arthur, pare um pouco e pense. Se esses 0,07% de professores resolvessem cruzar os braços como o restante, haveria alguma mudança?! Se pra vc, as mudanças q surgem após uma greve não são significativas, imagine ficando no comodismo, tendo q ver tanta coisa errada e esperar a mudançar cair do céu feito bênção. Já passei por greve na minha graduação, mas a gente precisa entender e aprender que sem luta não há vitória!
ResponderExcluirPara você Arthur ,e demais estudantes que pensam como vocês sobre a greve nas IES segue a seguinte reflexão:
ResponderExcluirTriste ver tal posicionamento de um estudante supostamente esclarecido o suficiente para pensar um mundo de construção coletiva, triste ver jovens estudantes pensando que mais vale eu me formar que lutar para que os que vierem depois de mim possam também ter acesso ao mesmo direito que tive, triste ver jovens como vocês viver sem sequer lutar por uma utopia possível, triste ver que apesar do acesso à educação que tiveram, ainda não compreenderam que a educação não é a redentora dos males sociais, mas é um instrumento possível para agirmos contra-hegemonicamente nessa sociedade de desiguais. #FICA A DICA!
Abraço pro Arthur!
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ResponderExcluirSe todos estivessem mais preocupados com seus deveres do que direitos, o Brasil e o mundo seria um lugar melhor. Greve nesse situação que o país está? por favor né? O salário dos professores estão direitinho na conta todo mês e o alunos? Sem aula, atrasados, muitos que não moram na cidade que estudam tem que voltar pra casa e esperar, como um idiota. Vocês acham que quem não é a favor da greve é egoísta, mas vocês grevistas são muito mais. Quanto mais tempo demora pra se formar, mais tempo demora pra poder conseguir um emprego na profissão, sem profissionais, a maquina não anda. Reserva de mercado? foda-se! o que importa é trabalhar honestamente e principalmente na profissão que escolhemos. Agora, o que resta é fazer um bico num mercado ou loja e quem sabe se acomodar com 800 reais por mês e que se dane a universidade. Diploma não vale de nada mesmo hoje em dia.
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